Viajar em confinamento
- Cabresto
- 28 de jan. de 2021
- 2 min de leitura

A cada fechar dos olhos, ouço os passos ecoarem na garagem, sinto o cheiro típico da borracha e ao fundo... o farol da Ninete rouba-me um sorriso de orelha a orelha.
São 07h22m e a ignição desperta o som bicilíndrico, o primeiro "hehe" do cabresto... primeira paragem bomba de gasolina.
Depois de atestada e a pressão dos pneus corrigida, sigo sem destino definido.
A N10 está calma, o sol acabara de acordar a neblina rasteira ao asfalto... o primeiro choque de temperatura nos joelhos, acorda qualquer um e faz-me lembrar que as mãos não precisam de ter frio... com o aquecimento dos punhos accionado, junto mais um à coleção dos sorrisos.
É hora de pensar no pequeno almoço, imediatamente a minha memória salta com a primeira sugestão "bifaninha em Vendas Novas", hora de rumar à N4 para desfrutar do sol a bater na viseira do capacete e dos cheiros do campo pela manhã.
À saída da Atalaia, avisto dois companheiros em minha direcção (BMW R1200GSA e uma BMW R1250GS), um a seguir ao outro, o nosso cumprimento não fica sem resposta... tal como eu, que me deparo com o meu primeiro choque frontal com um sacana de um mosquito, mesmo ao centro da viseira... RIP MOSQUITO.
Repsol em Santo Isidro de Pegões, é o local escolhido para encostar e lavar a viseira, estava difícil continuar viagem... quanto mais me aproximo de Vendas Novas, mais presente é o cheiro da bifana.
De viseira limpa, encosto-me à Ninete a apreciar a brisa da manhã e o sol começa a fazer-se sentir no meu casaco de cabedal. A ausência de trânsito destapa um silêncio quase terapêutico... volto a sorrir.
Está tudo tão maravilhoso, que eu recuso-me a abrir os olhos... quero viver esta minha realidade e não a "outra".
Ainda na Repsol, ouço ao fundo da recta o roncar característico (que todos nós conhecemos), quatro companheiros nas suas Harley Davidson parecem ter o mesmo destino que eu.
Um a um levantam o braço, em sinal de respeito que todos gostamos e nos orgulhamos de cultivar.
É hora de voltar à estrada, antes que a bifana arrefeça...
Não sei quanto a vocês mas, tenho sempre uma agradável sensação rolar nesta N4, entre Atalaia e Pegões as copas das arvores formam maravilhosos túneis, mais belo a esta hora da manhã, com os raios do sol de frente que rasgam os troncos e as copas das arvores, proporcionando contrastes únicos no asfalto.
Chego finalmente a Vendas Novas, quase como por sorteio estaciono a Ninete à porta do Snack-Bar "O Silva", tal não era a fome que eu trazia... duas bifanas e uma mini seguido de um café... um pequeno almoço de encher o peito.
Aqui para nós... de olhos fechados, parece que ainda sinto o gosto da bifana quente que explode no fresco da mini. Só de lembrar, até me babo...
Hoje, confinado, posso dizer que comecei o dia da melhor maneira. Juntos, eu e tu amigo leitor, demos uma volta bem maneirinha.
A todos boas curvas e mantenham-se seguros, encontramo-nos na próxima voltinha. ✌🏻🧔🏻
コメント